Alunos da PPN - UNIBH

25 abril 2006

Sobram profissionais, falta qualificação

PUBLICIDADE- Publicitário deve ser bem informado, ter boa bagagem cultural, além de conhecer o mundo da propaganda

Valterci Santos/Gazeta do Povo
Daniele faz faculdade e curso específico para criação


Enquanto o mercado publicitário do Paraná passava por tantas mudanças, multiplicavam-se as faculdades de Comunicação no estado e os cursos de Publicidade e Propaganda lideravam – em algumas instituições ainda lideram – o ranking dos vestibulares mais concorridos. Abundância de opções, no entanto, não significa necessariamente qualidade na formação. Os publicitários são unânimes em dizer que, nesse mercado, os profissionais não saem prontos das universidades.

“Os cursos de comunicação estão evoluindo, principalmente no aspecto prático, mas nada substitui o contato com a realidade do mercado”, diz o diretor de criação da OpusMultipla, Renato Cavalher, que também preside o Clube de Criação do Paraná.

Para o diretor geral e de criação da JWT Curitiba, Mário D’Andrea, o contato com a prática é 80% da formação de um profissional da publicidade. “Fazendo uma analogia, os cursos te dão a panela e os talheres, porém não te ensinam a cozinhar. Mas não é, necessariamente, culpa das faculdades. É preciso colocar a mão na massa mesmo.” Só no estágio, segundo os publicitários, os estudantes têm noção real do ritmo do mercado. “O bom profissional tem domínio de todos os departamentos de uma agência. E isso só se consegue trabalhando”, completa o consultor Ernani Buchmann. “O ensino teórico é uma parte interessante da formação, mas fica aquém da realidade profissional.”

Aluna do 2.º ano do curso de Publicidade e Propaganda da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Daniele Lieuthier, quer trabalhar na área de criação. “Na faculdade não estou tendo base de criação ainda e sinto falta da realidade do mercado, porque os professores estão fora das agências”, diz. Para completar a formação, a futura publicitária se inscreveu em um curso específico para desenvolvimento de portfólio (ver matéria correlata). “Para conseguir um estágio tem que ter uma pasta. E dá vergonha chegar na entrevista com trabalhos ruins”, diz Daniele. “Não esperei sair da faculdade para isso, como a maioria das pessoas faz.”

A formação de um bom publicitário, no entanto, não está só no contato com o próprio mercado. “Tem que ler pelo menos um jornal por dia e uma revista semanal. É fundamental freqüentar cinemas, teatros, bares, ir a shows e consumir o máximo de experiências positivas da vida”, sugere Cavalher. “Um bom treino também é refazer aqueles anúncios de qualidade duvidosa. Tentar entender qual a necessidade de comunicação do anunciante e encontrar uma forma melhor.”

D’Andrea completa: tem que saber um pouco de tudo, estar bem informado. “Conhecer de Dostoievski à novela das oito, porque tudo é referência para o trabalho. Não se trata de vaidade, e sim necessidade. Se vamos vender para qualquer tipo de público, precisamos saber o que se passa na cabeça dessas pessoas.” (CS)


Uma escola que “ensina” a ser criativo

É preciso criatividade para vender propaganda...